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Restauração e imprensa no Algarve (1808-1811): um impressor, a independência de duas nações

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Promontoria, 10 (10): 232--256 (2012)

Abstract

Este estudo, que poderá ser entendido como um contributo para a história da imprensa no Algarve, pretende compreender, por um lado, qual o lugar do impresso numa comunidade onde a imprensa não é, para a maioria, o meio de comunicação habitual e, por outro lado, compreender o quadro que justificou a presença do impressor e legitimou a edição; que uso lhe foi dado, que ordem instaurou na sociedade de então e que espaço conquistou por entre outros igualmente poderosos meios de difusão concorrenciais. Intróito A história da tipografia em Portugal teve no Algarve um dos seus berços. Em Faro, a 9 de Tamuz de 5247 (30 de Junho de 1487), Samuel Gacon acabou de imprimir o Pentateuco, iniciando uma considerável marcha de produções tipográficas sob mão hebraica, que se expandiu por outros núcleos judaicos, nomeadamente, em Lisboa e em Leiria 2. Contudo, a expulsão da comunidade judaica, por decreto de 1496, determinou, para a região, o fim da sua epopeia artístico-tipográfica. Nos séculos seguintes, a actividade circunscreveu-se a Lisboa, Évora, Coimbra, Porto e Braga e o impresso passou a ser encarado, sobretudo nos séculos XVII e XVIII, como referem João Lu\ś Lisboa e Tiago Miranda: «como melhor forma de conservar a memória das obras e marcar uma vantagem social» 3. A inexistência da oficina tipográfica local não correspondeu, bem entendamos, à impossibilidade de aceder aos textos impressos; mas, não facilitou. Entendida, não raro, como fruto de um contexto intelectual que a fomenta, várias podem ser as razões que justificam o aparecimento da tipografia e que atraem os impressores: motivos religiosos, pol\'ícos, burocrático-administrativos, bélicos, comerciais, ou literários, são alguns deles.

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