Article,
ATAQUES DA PIRATARIA À FOZ DO GUADIANA E A ACÇÃO DE ANTÓNIO LEITE, ALCAIDE-MOR DE ARENILHA
Anais do Município de Faro, (2018)
Abstract
Desde sempre que a temática em torno da pirataria tem suscitado inte -resse por parte de investigadores, académicos e público em geral. Para tal, em muito têm contribuído a literatura e o cinema, com a criação de argumentos românticos ou com a recriação de episódios resgatados aos baús da memória. No que respeita ao Algarve, ficaram célebres inúmeros ataques do corso e da pirataria, nomeadamente, o ataque de Sir Francis Drake a Sagres, em 1587, ou o ataque do Conde de Essex a Faro, em 1596. Porém, muitos mais tiveram lugar num Algarve que, com o advento da Expansão e dos Descobrimentos, assistiu a um crescente incremento do tráfego mar\t́imo desde os in\'íos do séc. XV. Com efeito, a conquista e ocu -pação portuguesa dos Algarves de Além-mar provocou uma contra-reac -ção magrebina, materializada não só em ataques às praças portuguesas do Norte de África, como também em frequentes assaltos às costas de todo o sudoeste peninsular, principalmente, a partir de iníós do séc. XVI, altura em que se começou a fazer sentir de forma mais consistente nas costas do Algarve e da Andaluzia. É exactamente nos inícś da centúria quinhentista, mais precisamente em 1513, que a vila de Arenilha foi fundada enquanto couto de homiziados “quási à boca da barra do rio Guadiana”(1) , passando a ser frequentemente atacada pela pirataria magrebina. É nesse sentido que o presente artigo pretende abordar os ataques da pirataria à foz do Guadiana na primeira metade do séc. XVI, nomeadamente, durante a alcai -daria de António Leite. Para tal, confrontámos várias fontes quinhentistas, nomeadamente, os Anais de Arzila, de Bernardo Rodrigues, e demais cronístá com documentação do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, de modo a percebermos de que forma a acção da pirataria afectou as populações residentes na desembocadura do Guadiana e de que modo António Leite tentou combatê-la.
